terça-feira, 26 de setembro de 2023

Pode faltar cerveja com as mudanças climáticas

As mudanças climáticas podem causar falta de cerveja no mundo. O alerta foi feito pelo CEO da cervejaria japonesa Asahi, Atsushi Katsuki, que está no comando da empresa desde 2021.

Katsuki alega que as temperaturas mais quentes afetam o fornecimento de cevada e lúpulo ao redor do mundo, e podem levar à escassez da bebida.

Em entrevista ao Financial Times, o CEO afirmou que análises conduzidas pela empresa constataram que o aquecimento global reduzirá significativamente a produção de cevada e a qualidade do lúpulo nas próximas três décadas.

A colheita de cevada de primavera da França poderia diminuir 18% até 2050 com o aumento de 4°C na temperatura, levando em consideração a pior previsão feita pela ONU, enquanto a colheita da Polônia diminuiria 15%.

A qualidade do lúpulo, um componente chave para a preservação e sabor da cerveja, diminuiria 25% na República Tcheca, um dos maiores produtores do ingrediente do mundo.
Em um cenário com um aumento de temperatura menor que 2°C, a colheita francesa diminuiria 10% a da Polônia, 9%, e da República Tcheca, 13%, de acordo com a pesquisa da Asahi. O mundo está caminhando para um aumento de temperatura de até 2,6°C, a primeira avaliação abrangente da ONU sobre os esforços globais para limitar o aquecimento concluiu recentemente.

“Embora com o clima mais quente o consumo de cerveja possa aumentar e se tornar uma oportunidade para nós, as mudanças climáticas terão um impacto sério”, disse Katsuki. “Existe o risco de não conseguirmos produzir cerveja suficiente”, alertou.

O clima volátil já interferiu nas colheitas de cevada nos últimos anos, levando os preços europeus do malte e da cevada malteada a atingirem níveis recordes em 2022, colocando pressão sobre os cervejeiros. Embora os preços não tenham sofrido uma alta elevada, o custo da safra de 2023 neste verão foi cerca de 100 euros (R$ 525) acima das médias anteriores.

A mudança climática teve um impacto maior no preço da cevada do que até mesmo a guerra da Ucrânia, disse Katsuki. “É por isso que não estamos apenas tomando nossas próprias ações, mas também precisamos nos esforçar mais, trabalhando com outros membros da indústria e da sociedade em geral… todos nós temos que trabalhar juntos para mitigar os riscos das mudanças climáticas”, explicou.

A Asahi, que inclui Asahi Super Dry, Peroni Nastro Azzurro e Pilsner Urquell em sua linha de cervejas, fez parceria com a Microsoft e uma empresa de agritech para começar a rastrear o volume e a qualidade da colheita nas fazendas. Em janeiro, a cervejaria também lançará um novo centro global de aquisições em Singapura, que centralizará a obtenção de ingredientes-chave para gerenciar melhor possíveis interrupções na cadeia de suprimentos.

Outras cervejarias internacionais têm investido em práticas agrícolas regenerativas na tentativa de tornar seus suprimentos de cevada mais resilientes aos impactos do clima. A Anheuser-Busch InBev investiu em variedades de cevada resistentes à seca na África, enquanto a Carlsberg tem como objetivo utilizar práticas agrícolas totalmente regenerativas até 2040.

Fonte: Folha de São Paulo

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