Morreu aos 95 anos em Salvador o artista plástico e escritor baiano, representante da cultura afro, Deoscóredes Maximiliano dos Santos, conhecido como "Mestre Didi". O corpo do artista nascido em 2 de dezembro de 1917 foi sepultado na tarde deste domingo (6), no Cemitério Jardim da Saudade, na capital baiana. Um amigo da família informou que a morte foi provocada por um câncer de próstata.
Mestre Didi criou esculturas focadas na representação de deuses e orixás do Candomblé e, com sua obra sacra singular, ganhou expressão internacional. Ele é considerado um dos principais artistas brasileiros e se utilizava da estética e de elementos da cultura afro-brasileira. Mestre Didi é filho de sangue de Mãe Senhora, umas das ialorixás mais importantes da história da Bahia. O artista é também um alapini, mais alto sacerdote do culto aos ancestrais. Sua trajetória e obra são consideradas recriações da herança africana no Brasil.
Durante o sepultamento, membros de terreiros de Candomblé de Salvador e região metropolitana prestaram homenagens. Muitos dos amigos presentes são do Terreiro Ilê Axipá, fundado em 1980 pelo próprio Mestre Didi.
"É uma perda imensa para a Bahia. Mestre Didi é uma figura notável. Sua arte sacra, que retrata a religião do Candomblé tem um papel religioso importantíssimo e sua presença artística é reconhecida no Brasil e fora do Brasil. Ele é um escultor extremamente conhecido no mundo inteiro", ressalta o secretário de Cultura da Bahia, Albino Rubim.
Algumas peças criadas por Mestre Didi podem ser apreciadas, em Salvador: na orla do Rio Vermelho, no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Mucab), e no Parque das Esculturas, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM).
"Sua arte é absolutamente própria, tem um estilo específico. Dos artistas baianos, ele é o que tinha peças no mercado internacional das mais valiosas. Muito consagrado e muito comprado. Suas esculturas são marcadas por nossa cultura, por nossa singularidade", completa Rubim.
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