segunda-feira, 15 de abril de 2024

Sal rosa, light, marinho ou refinado: qual é o melhor para a saúde, afinal?

O baixo consumo de sal costuma estar associado a um ideal de vida saudável. Assim, o alimento — principalmente o comum, de cozinha, refinado — acaba se tornando um vilão. Para fazer frente a ele, as opções são muitas. Entre elas: sal rosa do Himalaia, light e marinho. Entretanto, até que ponto o sal refinado pode ser colocado nesse papel de vilão? Evitá-lo ao extremo pode ser tão perigoso quanto o seu uso excessivo, é o que esclarece ao GLOBO a nutricionista Daniele Mello.

— O sal, em si, não faz mal à saúde. Ele é importante e necessário. O que faz mal é o seu consumo em excesso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica o consumo de até 5 gramas de sal por dia por pessoa. O brasileiro tem um consumo médio de 14 gramas. É três vezes o indicado e pode causar aumento de pressão, doenças cardiovasculares, hipertensão e sobrecarga renal, algumas das doenças que mais matam no mundo. Tão errada quanto o excesso, também, é a alimentação completamente livre de sal, que pode provocar desmaios, fraqueza, tonteira, perda de consciência e perda neurológica — afirma Daniele.

Essas consequências que vêm com a falta de sal se devem ao fato de o consumo do alimento ser crucial para os impulsos nervosos, a contração muscular, o equilíbrio líquido das células, e também para a regulação da quantidade de iodo que ingerimos, entre outras funções. O iodo, um micronutriente em abundância no sal, é usado na síntese dos hormônios produzidos pela tireoide e pode prevenir diabetes, problemas cardíacos e infartos.

Os tipos de sal e para quem são indicados

Se o sal é importante e necessário, então qual usar? Daniele costuma indicar tipos diferentes para cada paciente. Ao GLOBO, ela desmistifica o suposto "poder" do "queridinho das famosas", como ela diz, que virou sinônimo de um estilo de vida e, portanto, um objeto de desejo de consumo, mais do que qualquer coisa: o sal rosa do Himalaia.

— Não costumo indicar o sal rosa para os meus pacientes porque o custo é alto e os benefícios são poucos, se comparados com os outros tipos. Não existe nenhum estudo científico demonstrando o benefício do uso dele a médio e longo prazo em relação ao sal refinado. A diferença de composição nutricional entre os dois é insignificante. Fora o custo do rosa, que é de quatro a cinco vezes maior que o refinado. Esse investimento não se justifica por uma diferença nutricional tão pequena. Não há benefícios — afirma Daniele.

— Outra questão importante é que, pelo fato do sal rosa ter um 'poder de salgar' muito menor, por causa da composição do solo, as pessoas acabam colocando muito mais sal nas comidas. Ou seja, a quantidade de sódio e o custo aumentam — completa a nutricionista.

Confira abaixo uma lista com três tipos de sal que são recomendados pela profissional, sempre, é claro, dentro da quantidade estipulada pela OMS de 5 gramas ao dia:

  • Sal comum (de cozinha): para pessoas saudáveis, sem problemas de saúde que impliquem cuidados, o sal comum pode ser usado sem preconceitos.
  • Sal light: tem um sabor mais suave que o de cozinha. Por ter menos sódio que o comum, é indicado para quem é hipertenso. Por ter mais potássio que o comum, não é indicado para quem tem problema renal, com risco de sobrecarregar os rins.
  • Sal marinho: por não passar pelo processo químico do sal comum, o marinho tem uma quantidade menor de aditivos químicos como conservantes e corantes — associados ao desenvolvimento de câncer. Ele mantém maior quantidade de minerais como cálcio, potássio, ferro, zinco e iodo. É o mais recomendado por ela para quem necessita de ajuste na quantidade de sódio ingerida.
O importante é dosar a quantidade

Já que não temos vilões, nenhum tipo de sal é necessariamente ruim e passível de ser evitado completamente. O segredo está, justamente, na dosagem. Na hora de tentar reduzir o consumo de sal para se adequar à quantidade estabelecida pela OMS (5g/dia), é preciso ter dois cuidados principais, alerta Daniele.

O primeiro, é prestar atenção nos produtos ditos "light" ou "diet". O segundo, e igualmente importante, é ficar ciente do fato de que o sal está onde menos esperamos. A dica a ser seguida à risca é sempre ler atentamente os rótulos dos produtos, que costumam ser "repletos de pegadinhas".

Fonte: G1



Nenhum comentário:

Postar um comentário