por Sandro Oliveira
King & Eu
ANTES que alguém diga que o título é originado do livro Marley & Eu,
que inspirou o filme homônimo, devo dizer que sim, só o
título, porque o resto não tem nada a ver. Sempre gostei de cachorros e já criei
vários. Da última vez que criei, há sete anos, fiz um juramento de que não criaria
mais nenhum. Vários motivos me levaram a essa decisão. No entanto, quebrei o
juramento e mais uma vez estamos criando um cachorro.
ESSE tem um diferencial em relação aos outros: foi um cachorro de rua.
Vou contar essa história de forma resumida. Num dia de chuva, um cachorro
apareceu na frente da minha casa. Minha esposa e minhas filhas ficaram com pena
e me pediram para deixá-lo entrar. Abri o portão, deixei-o entrar e passar a noite
chuvosa na varanda e disse: só hoje, viu véi! Pela manhã, abri o portão e ele
foi embora.
NA NOITE seguinte apareceu mais uma vez na frente do portão olhando pra
mim com cara de piedade, como se tivesse dizendo: “me deixa entrar, está
chovendo e eu tô com frio”. Ah diacho, tive que deixar entrar. E durante uma
semana, ficou nesse sistema que chamei de regime semiaberto. Não queria, de
jeito nenhum, que ele ficasse. Deixava ir e ficava torcendo para que ele não
voltasse. Só que esse cachorro quando encontrava um de nós na rua,
reconhecia e fazia a maior festa. Uma vez ele sumiu e ficou dois dias sem
aparecer. Foi o suficiente para sentirmos a sua falta. O que mais temíamos
estava acontecendo, estávamos nos apegando aquele ser que até então era um
desconhecido da família.
QUANDO ele voltou, não teve jeito: decidimos adotá-lo, e em pouco tempo
ele já estava se sentindo bastante à vontade dentro de casa. Giovanna
perguntou: Pai, que nome vamos dar a ele? - Respondi: O nome dele será King!.
Pronto, estava batizado o nosso cão, King significa Rei, em inglês. No outro
dia, consulta com a veterinária, vacinas e ração.
MAS o inesperado aconteceu. Após uma semana, King ficou doente, apareceu
um abscesso que tomou todo o olho direito. Levamos a um veterinário cirurgião, que
sentenciou: O melhor a se fazer é uma cirurgia e retirar o olho. - Desespero
meu e das filhas.
– Como assim, tirar o olho? E ele vai viver normal?
– Sim, isso é o melhor a se fazer, respondeu-me o veterinário. Além do susto, teríamos claro, que pagar a cirurgia, que não seria nada barato.
AGORA, imagine a situação. Com sentimento de pena, pegamos um cachorro
de rua e em poucos dias aparecem esses problemas e despesas na minha vida. Despesas
que nenhum dos outros cachorros que tivemos não tinha nos dado.
FALEI com as meninas:
– Olha só o que fui procurar.
– Mas meu pai, agora não tem mais jeito, disse Marcelle.
– Ele é nosso, se voltar pra rua pode morrer em pouco tempo por causa
desse problema no olho, acrescentou Giovanna.
Olhei para o veterinário e falei:
– É doutor, divida o valor no cartão e opera o
cachorro.
FORAM quinze dias de muita tensão e cuidados, mas para nossa sorte, King
está totalmente recuperado, agora, com um olho só! Se eu não tinha mandado
embora antes, com esse investimento todo que ele ficou de vez. Andreia, minha
esposa, que não teve tanto apreço pelos outros cachorros, com esse é puro
carinho e dengo. Assim como as meninas falam com King com voz de bebê, como se
tivesse se dirigindo a um filho. Elas acreditam que King nada mais é do que um
ser humano com pelos e patas. É brincadeira uma coisa dessa?
COM tudo isso, tirei uma lição. Além de ter completado nossos dias, simplesmente por viver conosco, King, com seus dramas nos ensina muito sobre
superação e as coisas a que devemos dar valor no dia a dia. Hoje, ele anda pra
lá e pra cá, dentro de casa, entra até nos quartos, liberdade que jamais um cão
teve em nossa casa. Ele é incrível! É mesmo o Rei da casa!
Sandro Oliveira
Linda história também tenho quatro tudo encontrado na rua
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