Dizer que o volante desse lado está certo ou errado é uma piada (às vezes até uma discussão) bem antiga entre britânicos e o resto do mundo. Afinal, quando pensamos em carros assim, e os imaginamos andando pelo lado esquerdo das ruas, logo nos lembramos do Reino Unido. Ou, se você assistia o ótimo Top Gear UK, provavelmente já viu Jeremy Clarkson se gabando de dirigir “do lado certo”.
África: África do Sul, Comores, Malauí, Moçambique, Namíbia, Quênia, Suazilândia, Tanzânia, Zimbábue, Uganda e Ilhas Maurício.
América: Bahamas, Barbados, Granada, Ilhas Cayman, Ilhas Virgens Americanas, Ilhas Virgens Britânicas, Jamaica, Santa Lúcia, Trinidad e Tobago, Guiana, Ilhas Malvinas e Suriname.
Ásia: Brunei, Butão, Singapura, Índia, Indonésia, Japão, Malásia, Maldivas, Nepal, Paquistão, Tailândia e Timor-Leste.
Europa: Chipre, Irlanda, Malta e Reino Unido.
Oceania: Austrália, Ilhas Salomão, Nova Zelândia e Papua-Nova Guiné.
Cerca de 25% dos carros são dirigidos do lado esquerdo das ruas e estradas. Quando tudo isso começou? A maioria desses países são antigas colônias britânicas (com exceção de alguns, como o Japão), e adotam esse sistema por causa do método usado nesse império.
Até o final do século 18, era hábito para os cavaleiros e cocheiros viajarem pelo lado esquerdo das estradas. O motivo disso é bem simples: a maioria das pessoas era destra, usando sua espada com a mão direita. Para que ela ficasse livre e do lado certo para um eventual duelo (o que não era raro naquele tempo), era preciso andar desse lado. Se a pessoa viajasse do lado direito, seu lado esquerdo estaria totalmente exposto.
Existe ainda uma outra versão para explicar como surgiu a mão inglesa. Alguns dizem que se os cocheiros ficassem do lado direito das ruas e estradas, eles podiam acertar um pedestre na calçada quando açoitassem seus animais, o que geralmente também era feito com a mão direita. Mas a primeira versão é mais aceita (e tem mais sentido).
E como surgiu a “mão francesa”, usada na maioria dos países?
A resposta a essa pergunta tem nome e sobrenome: Napoleão Bonaparte. Esse imperador era canhoto, por isso ele precisava ficar do lado direito duma via para estar preparado num duelo, já que empunhava sua espada com a mão esquerda.
Com isso, o imperador francês deu ordens para que todos se adequassem, passando a estabelecer o que chamamos de mão francesa, ou seja, andar pelo lado direito duma via (como fazemos aqui no Brasil). Mas como isso veio a influenciar tantas nações?
Isso foi acontecendo aos poucos. Na América, por exemplo, todos os colonizadores (além dos franceses, os holandeses, espanhóis e portugueses) foram dominados por Napoleão em algum período, não tendo outra opção a não ser adotar seu sistema. Quando dominaram outros países, o costume simplesmente foi passado adiante.
Outro fator que contribuiu fortemente para que a maioria tivesse carros com o volante do lado esquerdo, e trafegassem pelo lado direito, foi que a produção em massa de veículos começou nos Estados Unidos, um país que já havia adotado esse sistema. Qualquer outra nação que importava esses modelos acabava indo na mesma direção.
Não seria melhor se todos os países tivessem o mesmo sistema?
Toda vez que alguém viaja para um país com um sistema de circulação diferente, é uma aventura. Poucos conseguem se adaptar rapidamente, sendo que a maioria sente que está aprendendo a dirigir de novo. E se todos os países adotassem o mesmo sistema, não seria mais prático?
Pode até ser que sim, mas isso seria simplesmente inviável. É verdade que algumas nações já mudaram seu sistema, como Samoa, que em 2009 inverteu a circulação da direita para a esquerda. Mas isso é raro e bem complicado.
Consegue imaginar o custo e tempo envolvidos para que países como Inglaterra, Japão ou Austrália mudassem toda a sua sinalização de trânsito, adaptassem todos os carros (o que iria ocorrer lentamente com a entrada de novos modelos na frota) e, o mais difícil, educassem novamente todos os motoristas? Para desespero de quem viaja com frequência para esses países, essa diferença vai continuar existindo.
E o que acontece quando eu cruzo a fronteira entre dois países com sistemas diferentes? Isso pode ocorrer, por exemplo, na fronteira entre o Brasil (condução pela direita) e Guiana (condução pela esquerda).
Aí, em alguns casos, existe um sistema para que ninguém cause um acidente por dirigir na contramão sem perceber. É colocado um cruzamento em diagonal, para que o motorista seja obrigado a girar o volante 45º e mudar o sentido quando atravessa a fronteira. Parece confuso, mas é um sistema inteligente para evitar qualquer problema.
É permitido dirigir um veículo com o volante do lado inverso dos demais?
Na maioria dos países sim. Muitos acabam procurando esses veículos por serem mais baratos, afinal, poucas pessoas querem dirigir do lado “errado”, já que toda a sinalização e circulação é feita pensando num único sentido (seja mão inglesa ou francesa).
Por outro lado, existem vários países que colocam algumas restrições. Alguns, como Quênia e Índia, proíbem que a população em geral tenha veículos com o volante do lado esquerdo. A Nova Zelândia só permite se o modelo tiver mais de 20 anos, caracterizando um veículo de colecionador. Já nas Filipinas e no Camboja, que usam o sentido de circulação igual ao Brasil, veículos com volante na direita estão proibidos.
E o Brasil? Por aqui, uma resolução do Contran de 2015 proibiu o registro de licenciamento de veículos com o volante do lado direito. Essa regra só não afeta os modelos de colecionadores, que tenham mais de 30 anos e que sejam originais.
Em veículos com o volante do lado direito, a ordem dos pedais muda?
Essa é uma dúvida que muitas pessoas tem. O que muda num veículo com a direção do lado direito? Uma coisa importante, que talvez seja a primeira a causar dificuldades em quem não está acostumado, é que o câmbio agora precisará ser operado com a mão esquerda. Se o veículo for manual, não vai ser fácil no começo.
Outra diferença é a posição de alguns comandos, como o botão que liga os faróis e as alavancas de seta ou do limpador de para-brisa. Mas em relação aos pedais, nada muda. Você continuará usando o pé esquerdo para a embreagem e o direito para frear e acelerar.
Fonte: www.noticiasautomotivas.com.br
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