sábado, 23 de novembro de 2024

A Capela do Cursilho

Por Sandro Oliveira

VIVER o Cursilho foi um marco transformador na minha vida — não canso de dizer que minha jornada se divide em antes e depois dessa experiência profunda. Não que eu fosse alguém desprovido de fé ou afastado da Igreja, mas aquele momento mudou radicalmente como eu enxergo o mundo, como compreendo o cristianismo, como percebo além das palavras dos padres nas homilias de domingo. Tudo isso se mistura aos momentos intensamente emotivos e espirituais que envolvem os participantes do encontro, além das amizades valiosas que construímos ali.
 
ALÉM das mensagens — como chamamos as palestras no Cursilho — e dos instantes de espiritualidade, me conectei profundamente com o propósito do movimento de formar lideranças cristãs. Esse tem sido o meu propósito no Movimento de Cursilhos de Cristandade (MCC): um movimento eclesial que forma lideranças para a Igreja Católica, com o objetivo de evangelizar nos diversos ambientes da sociedade. Esse é o carisma central do MCC: Evangelizar Ambientes. Mesmo que alguns ainda não encarem esse carisma no dia a dia. Mas, esse é um assunto para outra hora, pois agora, quero falar da Capela do Cursilho, um espaço que toca o coração.
 
QUANDO vivi o Cursilho, em 1998, o espaço era outro — era a acolhedora Casa do Papagaio "Paz e Bem", construída inicialmente pela Diocese e concluída pelos cursilhistas de Feira de Santana em 1970. Para mim, aquela casa antiga era um lugar sagrado. Tudo ali respirava espiritualidade e paz. A Capela era meu refúgio predileto — simples, sem luxo, mas carregada de um sentimento profundo de pertencimento. Transmitia uma espiritualidade íntima, como se fosse um espaço meu. Por isso, senti uma tristeza quando deixamos aquela casa e nos mudamos para o Centro de Formação Dom Itamar Vian, um excelente espaço onde realizamos os Cursilhos desde 2019.
 
AO chegar ao novo local, não me agradou a capela — achei-a grande demais, desagradável. Mas então minha filha Marcelle, que havia feito o Cursilho na casa antiga em 2015, me disse após trabalhar no Cursilho de 2019: "Pai, a Capela nova é linda de verdade." Curioso, perguntei por quê, e ela respondeu com simplicidade: "Porque daqui de dentro a gente vê o céu." E era isso — a arquitetura permite que, olhando para o altar, vejamos o céu aberto acima. Fiquei impressionado por não ter percebido antes — talvez o apego emocional à capela antiga tenha me impedido de ver a beleza do novo.
 
SENTIR saudades de lugares e momentos significativos é natural, mas é importante abrir o coração para o novo. Depois que minha filha me mostrou o "céu" da Capela nova, passei a vê-la como um dos espaços mais lindos — um lugar abençoado de fé, reflexão e beleza. A todos os cursilhistas, de ontem e de hoje: compartilhem a vida, vivam com intensidade, façam o bem. É isso que busco transmitir às minhas filhas e àqueles que vivem o Cursilho: compaixão, solidariedade, justiça e amor ao próximo, sem distinção de raça, religião, condição social ou pensamento político. Escolher ver o lado bom das coisas é uma decisão diária ao despertarmos para mais uma aventura nesta vida maravilhosa.
 
"Senhor, que eu veja" (Lc 18, 35-43).
Decolores, Viva a vida!
Faz o mundo ficar mais bonito no seu coração.

Sandro Oliveira
Membro do Cursilho

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