Por que algumas vacinas têm intervalo de 21 dias e, outras, de 3 meses? Essa pergunta vale não só para os imunizantes contra a covid-19, mas também para outras doenças. E a resposta para essa questão envolve alguns fatores, como o agente infeccioso, a maneira que ele se comporta no organismo e, ainda, do estudo desenhado para elaborar a vacina em questão.
Na fase 2 da pesquisa, os cientistas traçam o estudo de várias formas: testam intervalos, doses e escolhem a que obteve melhor resposta. A partir disso, eles procuram as substâncias para produzir a vacina.
No caso dos imunizantes contra covid-19, cada uma estimula de um jeito diferente. A AstraZeneca, por exemplo, utiliza uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante. Por isso, usa um "vírus vivo", como um adenovírus (que causa o resfriado comum), que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde. Seu intervalo, pela bula, é de três meses.
Já a vacina da Pfizer utiliza a tecnologia chamada de RNA mensageiro, que é criado a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética, o que torna o processo mais barato e mais rápido. O intervalo dela é de 21 dias na bula, mas, no Brasil, estava com 3 meses.
"Nesta primeira 'rodada' de vacinas, já conseguimos ver os benefícios da redução da mortalidade e do número de casos. Agora, vamos entrar em outra era, que é entender justamente qual intervalo é melhor, quais são as doses de reforços e quais grupos vão recebê-las e se é possível misturar as vacinas", explica Ana Karolina Barreto Marinho, membro do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).
Dentro do organismo, dependendo de cada vacina, o sistema imunológico entra em contato com a substância e, então, começa a produzir os anticorpos neste intervalo determinado. "Depois disso, o sistema imunológico tende a diminuir essa resposta. Ou seja, ele alcança o pico e diminui. Aí o que a vacina faz? Vai lá e lembra que é preciso continuar produzindo mais anticorpos. Isso faz com que a resposta à vacina seja prolongada", diz Marinho.
Outras vacinas também possuem intervalos de doses. A vacina contra hepatite B, por exemplo, tem 3 doses no total. A primeira é administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida do recém-nascido. Após 30 dias, ocorre a segunda dose e, depois, há um intervalo de 6 meses (180 dias) para a última dose.
"Ela é uma doença crônica, então, os estudos entenderam que duas doses não eram suficientes para a vacina proteger por um tempo prolongado. Com uma dose após 6 meses, eles perceberam que prolongava a memória imunológica", diz a médica da Asbai.
Fonte: uol.com.br
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