AS PESSOAS com mais de 25 anos, com certeza, vão lembrar do que vou dizer. Quem, no passado, não sonhou em ter uma máquina fotográfica daquelas analógicas que tinham uma espécie de manivela que a gente rolava para tirar a próxima foto? E o medo que tínhamos de colocar o filme? Sem contar que tínhamos que completar um filme todo de 12, 24 ou 36 poses, para depois de um, dois, três meses ou até um ano revelar as fotos e conferir como ficaram. A única saída era levar o filme a um laboratório fotográfico e esperar a revelação.
A PESSOA que sabia colocar o filme na máquina era considerada um “sabe tudo”, coisa desse tipo. Não era todo mundo que sabia encaixar o filme na câmera. As pessoas tinham medo de colocar e não ficar certo, perder as fotos e o tempo. Imagine um batizado, primeira comunhão ou 15 anos ter os registros perdidos porque o filme foi mal colocado, era muito suspense.
NO ENTANTO, modéstia à parte, eu era um desses, que sabiam colocar o filme corretamente. Confesso que não gostava quando as pessoas me procuravam para fazer o serviço porque certa vez não fui bem sucedido. Era primeira Comunhão e tinha algumas mães me pedido para colocar o filme na máquina. Como eu não sei dizer não a ninguém, atendi aos pedidos. E aqui para nós, eu ficava cheio de onda.
IMAGINE as pessoas lhe procurando para fazer algo que naquele momento só eu sabia fazer? Resultado: No meio de 05, 10 máquinas e muita agonia, seria normal que um daqueles filmes não fosse colocado de forma correta. Mas como explicar isso àquela mãe que ficou meia hora na fila para tirar uma foto com o filho no dia da primeira comunhão e, quando foi revelar, descobriu que o filme não saiu do lugar? Fiquei sabendo que até me xingaram, me chamaram de incompetente, burro e etc. Depois disso, pensei duas vezes antes de colocar um filme na máquina.
NÃO PODEMOS negar que a tecnologia avançou bastante,
veio para facilitar a nossa vida. Mas uma coisa me preocupa em relação às fotos.
Você lembra de quando foi a última vez que revelou uma foto? Quanto tempo
que não folheia em família um álbum de fotografias e damos risadas daquelas
fotos engraçadas que ficaram para nossa história? Com a chegada das câmeras
digitais e dos smartphones, simplesmente descarregamos as fotos no computador
ou postamos nas redes sociais para que outros as vejam. E aquele nosso familiar
que não tem e não está nem aí para as redes sociais, não tem o prazer de
ver essas fotos. O mundo todo vê, mas o avô, a avó ou aquele tio que está tão
perto e não se rendeu às novidades tecnológicas, não verá porque não revelamos
mais as fotos.
NÃO duvido que em alguns dias possamos ser
taxados de cafonas por estar revelando fotos. Não sou tão saudosista
assim, mas sinto uma falta danada de folhear um velho e bom álbum de
fotografias de família. Aproveite as últimas fotos que foram tiradas nas festa
de final de ano e revele algumas. Você não vai se arrepender.
Membro do Cursilhos de Cristandade
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