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A vida na Terra já tem data para terminar: 1,15 bilhão de anos |
A vida na Terra já tem data para
terminar: 1,15 bilhão de anos. E o fim será infernal, segundo um estudo
recém-divulgado.
Sabe-se já que o Sol
paulatinamente aumenta a quantidade de radiação que emite para a Terra, ao
longo de bilhões de anos. No princípio do Sistema Solar, 4,7 bilhões de anos
atrás, o brilho solar era 15% menos intenso do que hoje.
A grande questão é saber quando
essa escalada de radiação será forte o suficiente para levar a um efeito estufa
descontrolado. É onde entra o trabalho de Jérémy Leconte, do Instituto Pierre
Simon Laplace, em Paris, e seus colegas, publicado na edição de hoje da revista
“Nature”.
O grupo produziu um modelo
climático global em 3D que mostra quanta energia solar é necessária para fazer
os oceanos evaporarem por completo. Na simulação, isso acontece em 1,15 bilhão
de anos, quando toda a água, agora na forma de gás, se acumula na atmosfera. O
efeito estufa produzido é tão poderoso que a temperatura global no planeta
chegará a 1.600 graus Celsius.
Terra-aquecida
Por incrível que pareça, essa é
uma boa notícia. Todos os modelos anteriores, simulações em uma única dimensão,
sugeriam que o efeito estufa descontrolado aconteceria um pouquinho antes
disso.
VELHA HISTÓRIA
De toda forma, sabemos que esse
pode muito bem ser o desfecho de um planeta, pois foi exatamente o que
aconteceu com Vênus, nosso vizinho mais próximo, que tem praticamente o mesmo
tamanho da Terra. Lá, o efeito estufa descontrolado produz temperaturas de 480
graus. E quase não há vapor d’água na atmosfera, um gás-estufa muito mais
poderoso que o dióxido de carbono, predominante na atmosfera venusiana.
Os cientistas calculam que o
processo esterilizante já teria acontecido se nosso planeta estivesse apenas 5%
mais próximo do Sol do que está hoje. No momento, estamos escapando por pouco.
E a história ainda piora se você
for uma criatura pluricelular e complexa. Porque em “míseros” 850 milhões de
anos, o lugar mais ameno do mundo, o polo Sul, vai experimentar temperaturas na
casa dos 50 graus. No Patropi, pode esperar um sol de rachar, com máximas de 80
graus! Para muitas espécies de bactérias não tem galho, mas para a maioria dos
animais o jogo da vida já estará terminado.
É um trabalho importante por duas
razões. Primeiro, porque mostra as limitações de pesquisadores habitabilidade
para mundos similares à Terra, dentro e fora do Sistema Solar. Os fizeram
alguns cálculos sobre Vênus, por exemplo, e descobriram que, fosse ele
exatamente como nosso planeta, teria sofrido efeito estufa descontrolado desde praticamente
o nascimento. Contudo, o fato de ele ter uma rotação muito lenta (leva 243 dias
terrestres para passar um dia venusiano) e a possibilidade de ter começado com
bem menos água com a Terra sugere que pode ter havido uma época no passado
venusiano com temperatura bem mais amena — talvez afável o suficiente para o
surgimento da vida.
O principal resultado, contudo, é
nos lembrar de que nosso planeta também tem prazo de validade. Mas isso não
quer dizer que a vida terrestre — ou a humanidade — tenha de terminar. Como
dizia o pioneiro russo Konstantin Tsiolkovsky, “a Terra é o berço da
humanidade, mas não se pode viver no berço para sempre”.
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