Por Sandro Oliveira
O MÊS de junho está chegando e com ele as Festas Juninas. Parafraseando Dorival Caymmi, me atrevo a dizer que quem não gosta de festa junina bom sujeito não é. Fala a verdade: pra nós nordestinos São João é a melhor época do ano, é ou não é? Sem falar que movimenta a economia da Região Nordeste do Brasil. Mas, eu preciso fazer algumas ressalvas.
SABEMOS que as festas de São João trazem lucros para o comércio, atraem turistas que ocupam pousadas alugam e casas, gerando emprego e renda para muitas pessoas. Isso é muito bom! Mas esse ainda não é o meu São João. Também sei que o São João de hoje tem bandas de forró famosas, axé, pagode para animar os jovens e adultos. Isso também é bom! Mas esse ainda não é o meu São João.
Não que eu seja contra as bandas famosas de axé e do pagode – gosto de todos os gêneros musicais. Também não sou tão saudosista, mas, nas festas juninas, gosto mesmo é de uma boa banda de forró, de um bom forrozeiro, como Flávio José, Santana, Adelmário Coelho, Del Feliz, Alcymar Monteiro...
NÂO se pode negar que muita coisa hoje está melhor do que no passado, mas sinto saudades do bom e velho São João. Os jovens talvez não sintam o mesmo e não têm culpa disso, porque não viveram o São João do passado, portanto gostam do que lhes são oferecidos hoje em dia. Mas tenho certeza que o meu São João é o de muita gente. É aquele da amizade, da alegria simples e sincera, da confraternização entre familiares e amigos.
O MEU São João é aquele que as pessoas passavam na nossa casa e perguntavam: “São João passou por aí?” Aposto que você não ouviu essa frase no último São João. E quando as pessoas perguntavam, a resposta era com entusiasmo e alegria: “Sim, pode entrar a casa é nossa!” As pessoas eram recebidas com bolo, pé de moleque, milho, canjica, licor, amendoim, laranja, queijo cuia, comidas típicas... Só coisa boa!
NAQUELE tempo, as pessoas vinham visitar a nossa cidade para ver a fogueira, dançar uma animada quadrilha, rever os familiares e amigos, sentar ao redor da fogueira para prosear, tomar licor e ouvir forró na caixa de som amplificada. Hoje os visitantes vêm com outro sentimento. Querem saber quais são as bandas que irão se apresentar, se é de axé ou pagode, se o cantor que está fazendo sucesso na mídia vai se apresentar. Esses são alguns dos critérios usados para os turistas decidirem qual o destino vão tomar.
O SÃO JOÃO do passado era mais festas, mais alegria, mais confraternização e menos comércio. A tradição vem se perdendo. As quadrilhas e os casamentos caipiras deram lugar aos arrastões, tocando músicas de linguagem depreciativa, principalmente contra a mulher. Não sou contra os arrastões, pelo contrário, gosto porque animam muito o clima junino, mas penso que deveriam tocar músicas da época. Outra coisa: as casas já não são mais enfeitadas com bandeirolas, vizinhos não vão às casa de vizinhos. Nas ruas não se pode andar tranquilamente – o barulho e a euforia das pessoas tomam conta de tudo. Não há mais alegria espontânea, romantismo e fraternidade. Definitivamente, não se faz mais festa junina como antigamente.
Por favor, devolvam o meu velho e bom São João!
Valeu ae sandro, infelismente acabou cara.
ResponderExcluirConcordo com vc, parabéns pelo Artigo.... Roque Pereira
ResponderExcluirVocê está coberto de razão. É uma tristeza o são João de hj.
ResponderExcluir