Por Sandro Oliveira
Outro dia li uma pequena estória que dizia assim:
Há algo mais importante que a oração?
- Perguntou o discípulo ao mestre.
- O mestre pediu que o discípulo fosse até uma árvore próxima e cortasse um ramo. O discípulo obedeceu.
- A árvore continua viva? – perguntou o mestre. - Tão viva como antes – respondeu o discípulo.
- Então vá até lá e corte a raiz – pediu o mestre. - Se eu fizer isto, a árvore morrerá – disse o discípulo. – O mestre então disse: - As orações são os ramos de uma árvore, cuja raiz se chama fé. Pode existir fé sem oração, mas não pode existir oração sem fé.
Pois bem, quero lhe convidar a refletir sobre como a oração pode ser uma parte integral da vida, um meio de comunicação com Deus, e não apenas um recurso utilizado em necessidades. Oração é um encontro profundo com Deus. É, acima de tudo, um gesto de entrega, fé, humildade, escuta e compromisso verdadeiro. Mas por que será que as pessoas rezam tão pouco nos dias de hoje? O mundo em que vivemos é muito marcado pelo materialismo. As pessoas pensam mais nas coisas materiais – o dinheiro, os bens, os compromissos sociais, o status, os prazeres. "Onde está o teu tesouro, está o teu coração", disse Jesus (Mt 6, 21).
Quando nosso tesouro passa a residir nas coisas materiais, fúteis e supérfluas da vida, aos poucos essas coisas vão se tornando divindades, e nós vamos deixando Deus de lado. Ora, se eu tenho um "deus" (ou vários "deuses") que é minha posição social, coloco o dinheiro em primeiro lugar, e isso me basta, que necessidade eu tenho de outro Deus?
Vamos nos afastando, deixando a oração em segundo plano, até que um fato da vida nos faça ver que aqueles falsos deuses de nada adiantam. Para que nossa oração não seja como um guarda-chuva, a gente só abre na hora da necessidade, é preciso que ela se torne uma prática diária. É um equívoco falar sobre o "poder da oração". A oração, por si mesma, não tem poder nenhum. Quem tem poder é Deus; na fé, acessamos Deus através da oração. Se a oração tivesse um poder isolado, fora de Deus, ela seria superstição.
Às vezes acontece comigo e com muitas pessoas a distração no momento da oração. As pessoas se queixam que a distração as faz perder o rumo durante a oração. A distração de fato acontece, é uma contingência humana, e não deve nos assustar. Para que se possa orar caindo o mínimo possível em distrações, é importante que se coloque em espírito de oração. Estar em espírito de oração é procurar esvaziar-se das preocupações, dores e dúvidas – não é fácil, mas é possível.
É bom orar em qualquer momento: nas alegrias, nas tristezas, na dúvida, nas horas vagas, antes de dormir, ao acordar, nos momentos de espera, nas refeições, em visitas ao sacrário... Orar é comunicar-se com Deus. É um diálogo com o divino, uma forma de cultivar a relação com Ele.
Sandro Oliveira